Reinava uma grande alegria na
quinta da tia Isabel, quando a porca, Bola-de-Neve, pariu treze porquinhos.
Os filhos da tia Isabel não
arredavam pé do cercado. Gostavam muito da porca, e admiravam a maneira como
ela tratava os leitõezinhos.Com muito carinho, amamentava os seus leitões, sem
se queixar da sofreguidão como eles mamavam nas suas tetas. Eles tinham uma
grande amizade com a Bola-de-neve. Ela já os conhecia pelo chamamento.
A quinta da tia Isabel era
familiar e muito acolhedora. Com a ajuda dos filhos, tratava os animais com
muito carinho. Todos eles tinham nome próprio.
Os dias passavam e os porquinhos
cresciam e ficavam cada vez mais independentes da mãe.
Numa bela tarde de verão, a
Bola-de-Neve estava muita cansada e cheia de calor, chafurdou na lama onde se
refrescou e fechou os olhos por instantes.
Dos trezes porquinhos, havia três
muito irrequietos e teimosos. Pig, Lili e o Bartolomeu viram a mãe distraída e
sorrateiramente escaparam-se do cercado por umas tábuas despregadas. A mãe pressentiu
e roncou, mas eles não quiseram saber do chamamento da mãe. Curiosos e impacientes,
a ideia de explorar a quinta e de conhecer os outros animais tinha germinado há
dias atrás.
Corriam pela quinta em fila
indiana, levaram o estendal da roupa à frente. O cão latiu, as galinhas
cacarejaram e a branquinha relinchou. Embrulhados na roupa, continuavam a correr
sem parar e não se aperceberem que saíam da quinta.
Depois de algum tempo,
desenvencilharam-se das roupas. Encontravam-se diante de um grande lago,
nadaram, brincaram uns com os outros e descansaram olhando em seu redor, tudo
era novidade para eles. Felizes e contentes continuaram a aventura.
Entraram pela floresta dentro.
Um porco-espinho fugiu assustado
deles. Encontraram um javali e pensaram que era da sua família. Aproximaram-se
do javali que comia tranquilamente bolota, enxotou-os e eles fugiram dali. Os
sons da floresta eram diferentes daqueles que eles conheciam. Assustaram-se a
roçar nas folhas, com o canto dos cucos e com o zumbido das abelhas.
Começara anoitecer, eles tinham
fome e saudades da mãe e dos irmãos. Queriam voltar para a quinta. Deram voltas
e mais voltas e não achavam o caminho da quinta. Estavam perdidos e não sabiam
sair da floresta. Medrosos e aflitos grunhiam muito alto. Foram ouvidos pela
tia Isabel que os procurava com os filhos. Foram encontrados muito juntinhos e
assustados.
Levaram-nos para o cercado, a
Bola-de-Neve acarinhou os filhotes. Eles, envergonhados, prometeram à mãe que
não voltariam a sair do cercado. Afinal nem tinham conhecido os outros animais.
A mãe, feliz por ter os seus
filhos de volta, aconselhou-os a não terem pressa de descobrir o desconhecido.
Meses mais tarde, a Bola-de-Neve
e os filhotes mudaram-se para um novo cercado perto dos outros animais.
Felizes e contentes grunhiam.