domingo, 23 de novembro de 2008

Ninfa




















Em direcção ao Poente,
por entre giestas e tortuosos caminhos,
vai a ninfa pelo crepúsculo.
O sol escondeu-se há pouco
e nela deixou as suas marcas.
A noite é silenciosa e fresca,
exalando um cheiro a maresia
onde ocultamente o aroma
a sémen e verdura dão o mote à criação.
Rodopiando, o vento agreste
sopra, sacode e canta uma melodia
e nesta serenidade tudo se encaixa,
som sem música, alma ferida,
com ondas em brancos mantos
Escondem segredos, mistérios.
banhada pela magia, por encanto
ouve-se o cântico das rutilas estrelas
e no ar, divinamente, um murmúrio paira.



singularidade

sábado, 15 de novembro de 2008

Benditas lágrimas















Benditas lágrimas!
Caiem em cascatas, lavam a alma numa ausência de palavras e presença.
E o silêncio da noite abraça-me ...voo nas brumas da noite em direcção a um mar de estrelas.
Ali, majestosa, sentada na lua….não vou perder o teu rasto.
Saudade das palavras, do teu sorriso a afagar o meu e do sabor da tua boca.
Ávida, estendo o braço...toco levemente o teu rosto adormecido.
Sorris.
Deleito-me….flutuo na minha fantasia... A tua pele recebe-me como uma brisa no seu doce acariciar.
Absorvo cada sabor teu, inalo cada perfume como elixir que me dá vida, que me mata a sede desta ausência prolongada.
A aurora despontará entre sorrisos e lembranças de um sonho… a minha alma pálida modela a tua figura suave e pura.
Almejo a felicidade e há dança em mim…

singularidade

sábado, 8 de novembro de 2008

Trabalho Infantil
















Num amanhecer,
feito esperança
Em silêncio
uma lágrima calada
lava o rosto
de um coração oprimido.
Na sacola o pão
na alma a magia
ao encontro dos amigos
caras sonolentas
corpos cansados
lágrimas choradas
livros e brinquedos
desfeitos
infância marcada
crianças esquecidas.
No olhar o sonho
da criança mal amada
no reverso da medalha.


singularidade