segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A menina e o piano

Era uma vez uma menina, chamada Maria, tinha sete anos e andava na primeira classe. Ela tinha cabelo muito curto, liso e castanho-escuro, olhos azuis e um sorriso tímido a fazer sobressair as bochechas coradinhas. Vivia em sítio ermo, numa pequena casa azul com a mãe, padrasto e um irmão bebé. Não tinha amigas ali por perto a não ser a sua boneca de trapos dada pela avó, num dos anos em que tinha ido com ela para as termas. Por causa do seu reumatismo, era o bálsamo para as suas dores. Maria tinha um amiguinho imaginário, brincavam muito, viajavam juntos para a terra dos sonhos e tinham longas conversas. A amizade deles era profunda. Maria, ansiosa, contava pelos dedos das mãos os dias que faltavam para ir ter com a prima. Fazia seis quilómetros da sua casa até ao centro da aldeia para brincar com a prima, que vinha de Lisboa com os pais todos os fins-de-semana. As duas primas encontravam-se na casa da avó de Ana, que era irmã da avó de Maria. A avó de Maria era viúva e a sua irmã convidou-a a viver com ela. O seu marido andava sempre em viagem e os seus dois filhos viviam distantes. A avó de Maria tinha um grande carinho pelo cunhado e tratava-o por mano, apesar de serem primos. As suas mães eram irmãs. Família abastada, era conhecida na aldeia pela sua generosidade. Originária de uma família humilde, com esforço, dedicação e muito trabalho, tinha criado o seu próprio negócio. Numa tarde chuvosa e cinzenta, Maria beijou a mãe e o irmão, o padrasto estava a trabalhar, era vidreiro, e com o seu xaile, saiu de casa rumo à aldeia, com o seu coraçãozinho apertado. Era uma menina medrosa, mas a vontade de brincar e estar com a prima vencia o medo Uma doce música chegou aos seus ouvidos a poucos metros da casa dos tios. Ana já tinha chegado e tocava piano enquanto esperava pela priminha. A tia, mulher rica e dominadora, abriu-lhe a porta. -Entra, entra, já vens atrasada, a tua prima está na aula de piano! Disse orgulhosa. Timidamente cumprimentou toda a família e pediu ao tio se lhe dava licença para ir ter com a prima. Com um sorriso nos lábios, o tio indicou-lhe a porta do escritório. Cautelosamente, abriu a porta e sentou-se num banco ao ver a prima a tocar piano. Os seus olhitos azuis-claros admiravam a agilidade com que os dedos da prima dançavam pelas teclas do piano. Ana tinha aulas particulares de piano. Ana achava-as um aborrecimento, enquanto a pequena Maria estava maravilhada, ela tinha muitos sonhos, um deles era ser pianista quando fosse grande. Tinha uma grande fascinação pelo piano. Continua....