quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O polvo feio(conto infantil)

Era uma vez, duas meninas que estavam sentadas na praia. Elas trabalhavam muito a construir um castelo de areia que o tio lhes tinha ensinado a fazer, quando de repente, veio uma onda e destruiu tudo reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma.
-Oh! -disse uma delas.
-Não fiques triste, vamos construir outro.
Os pais vigiavam as crianças à distância.
-Vamos molhar os pés? Desafiou uma delas.
-Não mana, a mãe avisou-nos para não sairmos daqui.
- A mãe neste momento não está a olhar para nós. – Disse quando já corria para o mar.
De repente, parou a meio caminho e pôs-se a olhar para um grande rochedo não desviando os olhos de lá. Dele vinha uma luz muito forte.
- Anda mana! Eu não vou molhar os pés. Vamos antes àquele rochedo.
De mãos dadas, as crianças aproximam-se do rochedo e avistam uma linda mulher, de olhos verdes e de longos cabelos pretos, sorrindo para elas. Penteava os cabelos com o seu pente de ouro. Na testa tinha uma estrela cintilante.
As meninas não conseguiam desviar o olhar, estavam enfeitiçadas em frente de uma bela sereia. Com uma voz doce e melodiosa, diz-lhes:
-Meninas, aproximem-se mais! Querem ver os peixinhos? Posso levá-las na minha cauda a dar um passeio.
As crianças hesitaram mas em seguida recusaram o convite.
- Não podemos, a nossa mãe vai ficar preocupada. – Disseram em simultâneo.
- Eu sou uma sereia boa, chamo-me Sirena. Confiem em mim. Não vamos demorar. E a vossa mãe está entretida com os vossos avós e nem vai dar pela vossa ausência.
As meninas, contentes com a ideia de verem os peixinhos no fundo do mar, acabaram por aceder esquecendo o aviso da mãe. A sereia olha-se ao espelho, sorri e depois convida-as a subirem para cima dela, mergulhando de seguida no mar sereno. As meninas iam encantadas no lombo da sereia com os olhitos bem abertos para verem bem os peixinhos. Os seus olhos espraiam-se e vêem lindos corais, anémonas, ouriços-do-mar, cavalos-marinhos e outros peixes multicores. Estavam maravilhadas com tanta beleza e empolgadas fazem perguntas à sereia que, paciente e docemente, responde a todas as perguntas. Estavam tão entretidas que nem deram pelas horas passarem, mas o estômago de uma delas lembrou que era hora de comer.
-Tenho fome, quero voltar para a mamã.
-Tens razão, são horas de voltar. Disse a sereia com um sorriso maléfico.
A sereia deu meia volta e tomou rumo numa outra direcção. Um majestoso palácio apareceu em frente delas. - Os nossos pais não estão aqui. Eles ficaram na praia. A sereia malévola responde: - A partir de agora ficam a morar neste castelo comigo. Ao ouvirem a sereia as meninas começaram a gritar pela mãe sem parar. Queremos a mãe. - Dizem chorando.
Com violência a sereia abanou-as de cima dela, e caíram no chão.
- Calem-se, calem-se. – Ordenou furiosa.
Em frente à sereia quase que desmaiam de susto, a sereia linda tinha-se transformado numa sereia horrível. Tinham sido enganadas pelo seu encantamento, afinal era uma sereia má.
As duas irmãs, agarradinhas uma à outra, não paravam de gritar: -Socorro, mãe, socorro avozinha! Venham-nos salvar. Queremos ir para a nossa casinha.
-Aqui ninguém jamais vos irá encontrar. Ficarão à minha mercê.
Fechadas nas masmorras do castelo, as duas começaram a pedir e a implorar ajuda, durante algum tempo, mas não resultava. Ninguém apareceu e elas estavam tristes e desesperadas com a sua sorte.
Passados uns minutos a Sirena voltou com uma bandeja de algas, peixe e ostras.
-Quero tudo comido, vocês estão muito magrinhas. Têm que ficar bem gordinhas. E saiu batendo a porta com força.
Cheias de fome comeram tudo e adormeceram.
De repente, acordam assustadas, na sua frente estava um polvo enorme, gigante a velar-lhes o sono e a sorrir para elas. Encolhidas e a tremer agarram-se uma à outra e mal conseguiam articular a palavra “monstro”.
-Não tenham medo da minha feiura. Vou levá-las aos vossos pais antes que a sereia venha, confiem em mim. - Disse docemente
-A sereia Sirene diz que ninguém consegue tirar-nos daqui. Disseram a soluçar.
-Eu consigo, querem ver?
As manas disseram sim abanando a cabeça Então, o polvo aproximou-se delas devagarinho, muito devagarinho, e carinhosamente enrolou os seus tentáculos na cintura delas e os três saem por onde ele tinha entrado, ou seja, pelas grades da janela que ele arrancara com a força dos seus tentáculos. Sorridentes e com a esperança no coraçãozinho, regressam à praia, acreditando na lealdade do polvo.
Quando chegaram correram para o areal e despediram-se dele com carinho, agradecendo e pediram-lhe para visitá-las, ele com um sorriso meigo promete voltar um dia.
Sentaram-se um bocadinho a descansar.
-Ufa, ufa, ufa, que grande aventura, os nossos amiguinhos nem vão acreditar. Disse uma das irmãs ainda trémula. A outra retorquiu:
-Segredo nosso.
Nisto ouvem a mãe:
Beatriz, Inês, onde estão? Grita a mãe aflita.
As meninas saíram detrás do rochedo.
- Aqui, mãezinha, aqui.
E correram para os braços da mãe, rindo de felicidade.


singularidade

7 comentários:

Nela disse...

Amiga k belo conto, me apeteceu voltar a ser criança, ou mesmo a voltar a ter crianças bem pequenas cá em casa, é lindo adorei mesmo.Mas sabe k o deslumbramento das luzes da riqueza e da vaidade é frequente em mta gente,elas(es)entram no desconhecido só pela luz, só pela aparência, e depois...beijos grandes querida e desculpa a falta de comentários mas tho andado com mto trabalho, daí meu afastamento.

Parapeito disse...

:))
lá está...nem sempre o que parece é...
quem era feio afinal?
Gostei..
Um abraço para a Inês, a Beatriz e o polvo :))

tb disse...

Faço ideia que depois do valente susto elas adoraram ouvir a história :)*****
que as acompanhe pela vida sempre, o conselho e o carinho.
beijinhos

Mariana Emídio disse...

Peço desculpa por entrar na sua página "sem pedir licença" e atrever-me a comentar. Mas, pretendo dar-lhe os meus sinceros parabéns pela linda história. Estou a pensar lê-la aos meus alunos.
(Descobri o seu espaço através do blog "Be happy")
Beijinho
Mariana

Paula disse...

Olá querida Isa!
Fizeste bem trazer para este teu espaço fantástico o conto infantil que adorei ler.
Ainda não tive oportunidade de falar dele à Leninha Paixão, mas tenho a certeza que vai gostar muito.
Já li que a professora Mariana gostou, vais ter que te dedicar a contos infantis, porque também são especiais!:-)
Um grande beijinho bem carinhoso,
Ana Paula

Anónimo disse...

:)
Bonito :) gostei
Bjitoo

Anónimo disse...

Durante o meu estágio li este conto aos meus meninos, adoraram eu também adorava encontrar uma sereia para me levar a ver a beleza do mar. Adorei continua estou sempre ansiosa para ler coisas tuas.beijo grande.