sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desejo





















Desperta,
não durmas,
abraça-te à minha alma
olha os meus olhos.
Aninhada no meu querer
sussurro
alenta o meu corpo
quero toques
urgentes.
Mãos sedentas
carícias suaves
o desejo atiçado
fogo avivado
corpo em chamas
chega-te a mim
agora!
Ama-me sem restrições
ama-me assim...

sábado, 15 de fevereiro de 2014

As quatro estações do ano

Há milhares de anos, antes de o homem ter sido criado, Gaia, a deusa da Terra e da Natureza, escolheu quatro fadas para serem as estações do ano.
Todos os seres mágicos da floresta e redondezas foram convidados para assistir ao grande acontecimento.
 No centro de uma grande clareira, a Deusa Gaia, sentada num trono majestoso e coroada de flores, chamou as quatro fadas.
As belas fadas, com asas transparentes, vestidos esvoaçantes e uma tiara luminosa na cabeça, aproximaram-se sorridentes da deusa da Terra. A deusa convidou-as a apresentarem-se aos convidados.
Eu sou a Primavera, a estação da beleza e da alegria.
Eu sou o Verão, a estação do calor e do lazer.
Eu sou o Outono, a estação da limpeza e das cores douradas na natureza.
Eu sou o Inverno, a estação do frio e da neve.
Numa voz doce, forte e cheia de magia, Gaia disse:
- Eu vos fado com todos os poderes mágicos e poderosos, serão as estações do ano. Mas têm que respeitar as leis e nunca trocarem as estações. Se tal não acontecer, serão castigadas e a vossa varinha mágica perderá todos os poderes.
As quatro fadas agradecidas prometeram lealdade à deusa da Terra.
Os convidados aplaudiram e deram os parabéns às fadinhas. O sol brilhou embelezando o lugar. As flores perfumaram o ar docemente. Os seres mágicos cantaram doces melodias. Felizes e contentes dançaram e comeram as melhores iguarias, juntamente com os convidados. O dia parecia perfeito.
De repente, ouviu-se um grande estrondo. Os pássaros levantaram voo das árvores em nuvens espessas. Os convidados fugiram assustados.
Escondida atrás de uma frondosa árvore, estava a Fada má, coberta com um manto negro, furiosa por não ter sido convidada para a festa. Tentou várias vezes desfazer os poderes mágicos dados pela deusa Terra, mas foram em vão.Com os olhos esbugalhados pela cólera, afastou-se prometendo vingança.
Tudo corria às mil maravilhas, quando, um dia, as quatro fadas subitamente adormeceram num sono profundo. E as estações começaram a ficar trocadas. Enquanto elas brincavam junto ao lago, morada da fada Primavera, a fada má escondida vigiava as fadinhas. Sorrateiramente colocou uma árvore com bonitas bagas vermelhas perto delas. Gulosas, comeram com grande satisfação as bagas envenenadas. Adormeceram em seguida. A fada má rodopiou no ar, ecoando gargalhadas de contentamento pela floresta, por ter conseguido enfeitiçar as quatro fadas. Ninguém conseguiria quebrar o feitiço.

Os habitantes ficaram tristes e desesperados pela mudança do tempo e foram ter com Gaia. A deusa da Terra descobriu logo que tinha sido uma maldade da fada má. Correu a pedir ajuda aos seus amigos.
A terra, sol, lua e as estrelas passaram dias e dias a tentar descobrir uma poção que quebrasse o feitiço da fada má.
Depois de tanto esforço e trabalho, e sem desanimarem, com a esperança sempre ao seu lado, descobriram o feitiço da fada malvada.
A deusa da Terra aproximou-se das quatro fadas adormecidas e com a sua varinha de condão voltou a fadá-las:
- Eu vos fado agora e para todo o sempre. Vão ficar hibernadas.
E assim as estações do ano estão hibernadas, acordam uma por uma de três em três meses.
A fada má foi castigada ficando sem a varinha mágica. Furiosa e frustrada, fugiu para outro lugar.
Todos viveram felizes e orgulhosos das estações do ano.


sábado, 25 de janeiro de 2014

Os três porquinhos aventureiros


Reinava uma grande alegria na quinta da tia Isabel, quando a porca, Bola-de-Neve, pariu treze porquinhos.
Os filhos da tia Isabel não arredavam pé do cercado. Gostavam muito da porca, e admiravam a maneira como ela tratava os leitõezinhos.Com muito carinho, amamentava os seus leitões, sem se queixar da sofreguidão como eles mamavam nas suas tetas. Eles tinham uma grande amizade com a Bola-de-neve. Ela já os conhecia pelo chamamento.
A quinta da tia Isabel era familiar e muito acolhedora. Com a ajuda dos filhos, tratava os animais com muito carinho. Todos eles tinham nome próprio.
Os dias passavam e os porquinhos cresciam e ficavam cada vez mais independentes da mãe.
Numa bela tarde de verão, a Bola-de-Neve estava muita cansada e cheia de calor, chafurdou na lama onde se refrescou e fechou os olhos por instantes.
Dos trezes porquinhos, havia três muito irrequietos e teimosos. Pig, Lili e o Bartolomeu viram a mãe distraída e sorrateiramente escaparam-se do cercado por umas tábuas despregadas. A mãe pressentiu e roncou, mas eles não quiseram saber do chamamento da mãe. Curiosos e impacientes, a ideia de explorar a quinta e de conhecer os outros animais tinha germinado há dias atrás.
Corriam pela quinta em fila indiana, levaram o estendal da roupa à frente. O cão latiu, as galinhas cacarejaram e a branquinha relinchou. Embrulhados na roupa, continuavam a correr sem parar e não se aperceberem que saíam da quinta.
Depois de algum tempo, desenvencilharam-se das roupas. Encontravam-se diante de um grande lago, nadaram, brincaram uns com os outros e descansaram olhando em seu redor, tudo era novidade para eles. Felizes e contentes continuaram a aventura.

Entraram pela floresta dentro.
Um porco-espinho fugiu assustado deles. Encontraram um javali e pensaram que era da sua família. Aproximaram-se do javali que comia tranquilamente bolota, enxotou-os e eles fugiram dali. Os sons da floresta eram diferentes daqueles que eles conheciam. Assustaram-se a roçar nas folhas, com o canto dos cucos e com o zumbido das abelhas.
Começara anoitecer, eles tinham fome e saudades da mãe e dos irmãos. Queriam voltar para a quinta. Deram voltas e mais voltas e não achavam o caminho da quinta. Estavam perdidos e não sabiam sair da floresta. Medrosos e aflitos grunhiam muito alto. Foram ouvidos pela tia Isabel que os procurava com os filhos. Foram encontrados muito juntinhos e assustados.
Levaram-nos para o cercado, a Bola-de-Neve acarinhou os filhotes. Eles, envergonhados, prometeram à mãe que não voltariam a sair do cercado. Afinal nem tinham conhecido os outros animais.
A mãe, feliz por ter os seus filhos de volta, aconselhou-os a não terem pressa de descobrir o desconhecido.
Meses mais tarde, a Bola-de-Neve e os filhotes mudaram-se para um novo cercado perto dos outros animais.
Felizes e contentes grunhiam.



sábado, 21 de dezembro de 2013

Tempo de magia


Era uma vez um reino encantado, cheio de frondosas florestas onde viviam seres mágicos. Gnomos, duendes, fadas, elfos e outros seres encantados, viviam todos em paz e harmonia. Eram todos filhos da mãe natureza, Gaia.
 Entre os ramos de uma árvore, estava um Elfo de luz, tinha as mãos e os pés muito grandes em comparação com o corpo. Os olhos eram verdes e o cabelo quase branco, nariz e orelhas pontiagudas, boca larga e lábios sensuais que cantavam uma doce canção, depois de ter participado de um grande banquete.
Quando a canção terminou, deu vários bocejos e adormeceu pendurado na árvore.
De repente, nos seus sonhos, voou.
Tinha havido um grande temporal e ele tinha sido arrastado por um furacão. Tinha caído num lugar muito estranho, num jardim de uma casa.
Parecia uma casa abandonada, mas todas as janelas e portas estavam fechadas. Entrou por uma das janelas, para ele era fácil entrar em qualquer lado, punha em prática a sua magia.
A casa estava escura, os móveis nunca deveriam ter mudado de lugar nem os objetos que enfeitavam a casa.
Numa cadeira estava uma mulher sentada, quieta, com o olhar perdido no passado.
O Elfo olhou para aquele triste cenário e teve uma brilhante ideia, chamou os seus amigos e gnomos, duendes, fadas e outros elfos invadiram a casa.
Todos unidos puseram mãos à obra.
Apanharam lenha para fazer uma fogueira. Acenderam a fogueira, enfeitaram a casa com uma decoração diferente, até o canto mais escondido da casa ficou cheio de enfeites.
 Juntos tornaram aquela casa alegre.
Acenderam a luz e foram-se embora devagarinho.
A mulher, passado algum tempo, levantou-se e sorriu ao ver o elfo.
Abraçou-o muito e agradeceu, espantada, olhando em redor.
Finalmente, a sua casa tinha sido vestida de luz, alegria e esperança. 
Era tempo de magia.



 



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sonhando



 O dia acorda cinzento e chuvoso. Mil gotas caem numa vidraça embaciada pelo bafo de uma mulher. A solidão consome-a. Indolente e com um sorriso melancólico, caminha até uma mesa. Religiosamente, abre uma grande janela, numa outra dimensão, transportando-a a um mundo de sonho, alegria e muita magia. Lá era possível extravasar desejos e emoções.
Respirou o perfume azul que pairava no ar e que sabia a sol e a flores silvestres.
A mulher caminha, enfeitiçada, pelas veredas do jardim. Senta-se num pequeno banco de pedra, no local mais recôndito do jardim.

 O tempo desenha o presente.

Lado a lado, os seus olhares cruzaram-se, umas belas e distintas mãos percorriam levemente as teclas polidas de um velho piano. Grande apreciadora da música de piano, ouviu uma das mais belas partituras, o seu olhar focalizou-se no pianista de semblante sério e pensativo. Nunca tinha reparado naquele lugar maravilhoso. Um grande coração de tulipas de várias cores enfeitava a clareira.
 Em silêncio a janela fechou-se.
No dia seguinte, voltou ao mesmo sítio, o desconhecido não estava, sentou-se no banco, colocou as mãos nas teclas do piano, fingindo tocar e fechou os olhos. O seu coração bateu descompassado ao sentir uns passos, alguém se aproximava, abriu os olhos, o pianista estava à sua frente.
Um brilho de felicidade pairava nos olhos de ambos sempre que se encontravam. Para eles não havia passado nem tão pouco o amanhã, para eles o importante era o agora, o degustar de prazeres em busca da felicidade.
Deram as mãos e perderam-se no tempo.

Juntos, alegres e felizes, viajaram num carrossel de cores, sonhos e emoções, voaram até outros horizontes, conheceram culturas diferentes, gente maravilhosa. Neles a magia, a sedução, um todo querer. O descobrir de um novo mundo numa outra vida.
O tempo passava, o inverno já se fora, e a primavera chegara, eles embelezavam-no com esperança e sonhos
Momento de despedida, o silêncio tomou conta deles num abraço.
Sentada no banco de pedra, acaricia a saudade com lembranças dos momentos maravilhosos, era tempo de renascer, era primavera.

Nela a aceitação e num sorriso radioso ressurge a tranquilidade. Com carinho, despediu-se do seu amigo, arrumou-o num cantinho entre outros no seu coração.

Um novo começo, um sorriso a descobrir…