sábado, 21 de dezembro de 2013

Tempo de magia


Era uma vez um reino encantado, cheio de frondosas florestas onde viviam seres mágicos. Gnomos, duendes, fadas, elfos e outros seres encantados, viviam todos em paz e harmonia. Eram todos filhos da mãe natureza, Gaia.
 Entre os ramos de uma árvore, estava um Elfo de luz, tinha as mãos e os pés muito grandes em comparação com o corpo. Os olhos eram verdes e o cabelo quase branco, nariz e orelhas pontiagudas, boca larga e lábios sensuais que cantavam uma doce canção, depois de ter participado de um grande banquete.
Quando a canção terminou, deu vários bocejos e adormeceu pendurado na árvore.
De repente, nos seus sonhos, voou.
Tinha havido um grande temporal e ele tinha sido arrastado por um furacão. Tinha caído num lugar muito estranho, num jardim de uma casa.
Parecia uma casa abandonada, mas todas as janelas e portas estavam fechadas. Entrou por uma das janelas, para ele era fácil entrar em qualquer lado, punha em prática a sua magia.
A casa estava escura, os móveis nunca deveriam ter mudado de lugar nem os objetos que enfeitavam a casa.
Numa cadeira estava uma mulher sentada, quieta, com o olhar perdido no passado.
O Elfo olhou para aquele triste cenário e teve uma brilhante ideia, chamou os seus amigos e gnomos, duendes, fadas e outros elfos invadiram a casa.
Todos unidos puseram mãos à obra.
Apanharam lenha para fazer uma fogueira. Acenderam a fogueira, enfeitaram a casa com uma decoração diferente, até o canto mais escondido da casa ficou cheio de enfeites.
 Juntos tornaram aquela casa alegre.
Acenderam a luz e foram-se embora devagarinho.
A mulher, passado algum tempo, levantou-se e sorriu ao ver o elfo.
Abraçou-o muito e agradeceu, espantada, olhando em redor.
Finalmente, a sua casa tinha sido vestida de luz, alegria e esperança. 
Era tempo de magia.



 



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sonhando



 O dia acorda cinzento e chuvoso. Mil gotas caem numa vidraça embaciada pelo bafo de uma mulher. A solidão consome-a. Indolente e com um sorriso melancólico, caminha até uma mesa. Religiosamente, abre uma grande janela, numa outra dimensão, transportando-a a um mundo de sonho, alegria e muita magia. Lá era possível extravasar desejos e emoções.
Respirou o perfume azul que pairava no ar e que sabia a sol e a flores silvestres.
A mulher caminha, enfeitiçada, pelas veredas do jardim. Senta-se num pequeno banco de pedra, no local mais recôndito do jardim.

 O tempo desenha o presente.

Lado a lado, os seus olhares cruzaram-se, umas belas e distintas mãos percorriam levemente as teclas polidas de um velho piano. Grande apreciadora da música de piano, ouviu uma das mais belas partituras, o seu olhar focalizou-se no pianista de semblante sério e pensativo. Nunca tinha reparado naquele lugar maravilhoso. Um grande coração de tulipas de várias cores enfeitava a clareira.
 Em silêncio a janela fechou-se.
No dia seguinte, voltou ao mesmo sítio, o desconhecido não estava, sentou-se no banco, colocou as mãos nas teclas do piano, fingindo tocar e fechou os olhos. O seu coração bateu descompassado ao sentir uns passos, alguém se aproximava, abriu os olhos, o pianista estava à sua frente.
Um brilho de felicidade pairava nos olhos de ambos sempre que se encontravam. Para eles não havia passado nem tão pouco o amanhã, para eles o importante era o agora, o degustar de prazeres em busca da felicidade.
Deram as mãos e perderam-se no tempo.

Juntos, alegres e felizes, viajaram num carrossel de cores, sonhos e emoções, voaram até outros horizontes, conheceram culturas diferentes, gente maravilhosa. Neles a magia, a sedução, um todo querer. O descobrir de um novo mundo numa outra vida.
O tempo passava, o inverno já se fora, e a primavera chegara, eles embelezavam-no com esperança e sonhos
Momento de despedida, o silêncio tomou conta deles num abraço.
Sentada no banco de pedra, acaricia a saudade com lembranças dos momentos maravilhosos, era tempo de renascer, era primavera.

Nela a aceitação e num sorriso radioso ressurge a tranquilidade. Com carinho, despediu-se do seu amigo, arrumou-o num cantinho entre outros no seu coração.

Um novo começo, um sorriso a descobrir…



domingo, 17 de novembro de 2013

Sementes

Deixei minhas sementes plo caminho,
Nasceram sentimentos e emoções,
Despertaram em mim as sensações
Que, belas, se vestiram de alvo linho.
.
Ecos de vendaval salteadores,
Tingem de pardacento o brando rio
Inundam de cor o prado baldio
Rejubilam no canto os beija-flores.
.

Em momentos de grande calmaria
Cúmplice, em breve, floriu a amizade,
No cantinho mágico da alquimia.
.

Sonhos renovam-se na tempestade
Surge a esperança ao nascer do dia
A bonança tráz em si a saudade.

sábado, 2 de novembro de 2013

Saudade


















Em cada alvorada,
Tecem-se palavras
De amor e carinho,
Que flutuam no céu.
Enlevam uma doce saudade,
Que faz latejar o coração.
O dia sorriu com pétalas de Sol,
Sobre o manto azul bordado a ouro e marfim,
Tatuando a palavra saudade.
Da essência do perfume…jasmim,
Chama de lanterna… luz que aqueceu a alma.
Saudade do tempo… sem tempo,
Acalentando esperanças vindouras.
Desmaia o dia, navega a noite na terra árida e fria.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A menina e o piano(terceira parte)

- És uma chata, espera, dizia Ana mal-humorada continuando a ler e a comer o pão vagarosamente. Maria, sorrateiramente, deixou a prima sossegada e entrou em bicos dos pés no escritório. Sentada no banco do piano, colocou as mãozinhas nas teclas cor de marfim e convidou o seu amigo imaginário para se sentar ao lado e tocarem. Viajaram muito, tocaram em palácios e teatros, Maria era uma das mais famosas pianistas do mundo. -Acorda! Acorda! Sacudia-a a prima. - Anda brincar! -disse Ana que já tinha acabado de ler a banda desenhada. - Eu tive um sonho tão lindo! Queres ouvir? - Disse Maria esfregando os olhos. - Vem daí agora, vamos brincar para o quintal. Maria só gostava de brincar às casinhas, enquanto a prima adorava andar de bicicleta trepar as árvores, meter-se dentro do galinheiro e agarrar as galinhas e os pintos. E fazer festas no cão Baubi. Maria não alinhava nas brincadeiras da prima, era muito medrosa, era uma menina com medo de tudo. Mas a prima insistia: - Anda cá, eu ajudo-te a trepar à árvore. Estás a ver, não custa nada e assim temos o nosso cavalo. E cada uma na sua árvore fazia dela um cavalo. As primas adoravam-se, apesar de todas as diferenças que tinham uma da outra. Ana, sendo a mais velha é que dava as ordens e a pequena Maria obedecia, nem a prima permitiria o contrário. A casa do avô de Ana, naquela altura, era uma das poucas casas que tinha televisão. Tanto uma como outra adorava ver as pequenas séries que passavam na televisão, Lassie, Casei com uma feiticeira, mister Ed. Passavam momentos de grande diversão. Na hora das refeições, Ana preferia a comida da tia, avó de Maria, trocava o seu prato pelo da prima com bom agrado. Maria ficava sempre muito feliz com a troca. Quem não ficava muito contente com a troca era avó de Ana. Apesar da avó de Maria viver com a irmã faziam refeições e vidas separadas. E com um sorriso rasgado, a avó de Maria dizia à netinha: hoje saiu-te a sorte grande. Bife de vaca e batatas fritas não eram para o bolso dela. Ela trabalhava numa fábrica de vidro. Um dia, ao chegar a casa dos tios, Maria viu grande rebuliço, dois homens pegavam com dificuldade no piano para o carregar para um camião. Naquele fim-de-semana a Ana não tinha vindo. -O que se passa aqui avozinha? Perguntou Maria, assustada, ao ver o piano a ser carregado. O tio resolveu dar o piano ao neto Manuel, a tua prima não quer estudar piano. Disse ao avô que não queria ter mais aulas de piano. Como o Manuel desde sempre se mostrou interessado, o avô acabou por lhe dar o piano. -Satisfeita, menina curiosa? - E eu? Retorquiu a miúda. Eu gosto muito do piano, queria aprender a tocar piano como a Ana. O tio podia deixar o piano no escritório. Maria chorou muito ao ver o piano partir, mas o seu sonho não morreu ali, ninguém se importava com ela, mas não iria desistir de ser uma pianista famosa. Naquele fim-de-semana, não quis ficar em casa dos tios. Voltou para casa com uma profunda tristeza, escondeu da mãe o seu sofrimento, eles eram uma família pobre, e não podia inquietar a mãe com o seu sonho. Hoje, o piano enfeita a sala de estar dos pais do Manuel. Ele só queria ter o piano da prima. Havia uma rivalidade entre os primos. Os anos passaram, as duas primas tomaram rumos muito diferentes, sonhos se realizaram, sonhos adormeceram na alma. Maria mulher continua a sonhar. Fim

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A menina e o piano(segunda parte)

Ana era uma menina de nove anos, nervosa e instável, andava sempre na corda bamba dos pais por causa das suas discussões constantes. Ana era muito bonita e inteligente, tinha cabelos compridos, encaracolados, castanho-claros, olhos castanhos e tinha um porte altivo. Maria sentia por vezes uma ponta de inveja, ela queria ser como a prima. Era o seu ídolo. Ela era apaixonada por livros de príncipes, princesas e fadas. Achava que a prima era parecida com uma daquelas suas princesas. Os seus cabelos sempre bem penteados, encaracolados, caídos pelas costas, os vestidos de cambraia e seda enfeitados por laços de veludo, com muita roda. Simplesmente maravilhosos. Os seus eram feitos de chita às florinhas, simples e, quando a prima lhe dava as roupas que já não usava, Maria saltava de contentamento. Quando a aula de piano acabou, as duas pequenas foram imediatamente para o quintal. Ana, irritada, desabafou com a prima que não queria continuar com as aulas de piano. Eram uma maçada. Gostava de tocar de ouvido, mas detestava as aulas e praticar as escalas. O seu avô não compreendia que ela não podia concretizar o seu sonho. Ela não iria tocar mais. Podia dar até dar o piano ao primo Manuel, que, sempre que ia lá casa, namorava o piano. - Pensava que gostavas de tocar piano. Disse Maria tristinha. -Tocas muito bem! E a prima, firme na sua decisão, disse: - Para mim acabaram as aulas de piano. O sonho do meu avô era que os filhos tocassem piano, mas eles não quiseram. Quando ele era pequeno, ouvia a vizinha a tocar piano e, fascinado pela suave música, espreitava a pianista pela janela. Prometeu a si próprio que, quando fosse grande, compraria um piano. Mas era muito pobre e teve que trabalhar muito para comprar o piano. Quando o meu pai tinha 15 anos, ofereceu-lhe esse piano, mas o meu pai nunca quis aprender. Pensou que eu iria realizar o seu sonho. Está muito enganado. Disse arrogante. -Crianças, venham lanchar! - Chamava avó de Ana. Ana tinha mais dois anos do que Maria, andava num colégio particular de freiras em Lisboa. Já sabia ler e escrever corretamente. O avô, quando trazia o jornal, dava-lhe sempre a folha que trazia os desenhos animados. Momento sagrado em que Ana se isolava e não dava importância à pequena Maria que andava à volta dela. Priminha, já acabaste de ler? Eu quero brincar. continua...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A menina e o piano

Era uma vez uma menina, chamada Maria, tinha sete anos e andava na primeira classe. Ela tinha cabelo muito curto, liso e castanho-escuro, olhos azuis e um sorriso tímido a fazer sobressair as bochechas coradinhas. Vivia em sítio ermo, numa pequena casa azul com a mãe, padrasto e um irmão bebé. Não tinha amigas ali por perto a não ser a sua boneca de trapos dada pela avó, num dos anos em que tinha ido com ela para as termas. Por causa do seu reumatismo, era o bálsamo para as suas dores. Maria tinha um amiguinho imaginário, brincavam muito, viajavam juntos para a terra dos sonhos e tinham longas conversas. A amizade deles era profunda. Maria, ansiosa, contava pelos dedos das mãos os dias que faltavam para ir ter com a prima. Fazia seis quilómetros da sua casa até ao centro da aldeia para brincar com a prima, que vinha de Lisboa com os pais todos os fins-de-semana. As duas primas encontravam-se na casa da avó de Ana, que era irmã da avó de Maria. A avó de Maria era viúva e a sua irmã convidou-a a viver com ela. O seu marido andava sempre em viagem e os seus dois filhos viviam distantes. A avó de Maria tinha um grande carinho pelo cunhado e tratava-o por mano, apesar de serem primos. As suas mães eram irmãs. Família abastada, era conhecida na aldeia pela sua generosidade. Originária de uma família humilde, com esforço, dedicação e muito trabalho, tinha criado o seu próprio negócio. Numa tarde chuvosa e cinzenta, Maria beijou a mãe e o irmão, o padrasto estava a trabalhar, era vidreiro, e com o seu xaile, saiu de casa rumo à aldeia, com o seu coraçãozinho apertado. Era uma menina medrosa, mas a vontade de brincar e estar com a prima vencia o medo Uma doce música chegou aos seus ouvidos a poucos metros da casa dos tios. Ana já tinha chegado e tocava piano enquanto esperava pela priminha. A tia, mulher rica e dominadora, abriu-lhe a porta. -Entra, entra, já vens atrasada, a tua prima está na aula de piano! Disse orgulhosa. Timidamente cumprimentou toda a família e pediu ao tio se lhe dava licença para ir ter com a prima. Com um sorriso nos lábios, o tio indicou-lhe a porta do escritório. Cautelosamente, abriu a porta e sentou-se num banco ao ver a prima a tocar piano. Os seus olhitos azuis-claros admiravam a agilidade com que os dedos da prima dançavam pelas teclas do piano. Ana tinha aulas particulares de piano. Ana achava-as um aborrecimento, enquanto a pequena Maria estava maravilhada, ela tinha muitos sonhos, um deles era ser pianista quando fosse grande. Tinha uma grande fascinação pelo piano. Continua....